Filmes de ficção científica encantam quem gosta de visão antecipada dos avanços que reservam o futuro. Pois os carros de topo de linha são provas de que o futuro deixa às vezes de ser ficção, embora inalcançável para a maioria dos mortais. Mas há um consolo: algumas dessas novidades um dia cairão de preço com progresso das pesquisas, novos materiais e processos. Computadores de bordo, controles de trajetória, freios ABS e navegadores GPS pareciam inacessíveis faz pouco tempo.
Exemplo de transformação em realidade é o novo Mercedes-Benz Classe S, que chegará ao Brasil no fim do ano, na faixa dos R$ 800 mil. Sua première mundial (estática) em Hamburgo, Alemanha, semana passada, teve show à altura dentro da fábrica de aviões Airbus. Para descrever o modelo-símbolo da marca necessitam-se 150 páginas, em DVD; manual do proprietário seria confundido com um livro.
Difícil selecionar tópicos mais importantes entre tantos. Trata-se do primeiro automóvel a dispensar lâmpadas: há quase 500 LEDs (diodos de luz), dos quais 56 só para os faróis. Uma estereocâmera (tridimensional) avalia desníveis e buracos no pavimento à frente e comanda adaptação prévia das suspensões a ar. Essa câmera, em conjunto com sensores e radares, detecta, além de pedestres e outros obstáculos, o tráfego em cruzamentos, dia ou noite, para evitar ou mitigar acidentes. Estabilizador de velocidade mantém distância de segurança – acelera, freia, para e arranca – e segue o veículo da frente até em curvas de raio longo, sempre dentro da faixa de rodagem, ao atuar no volante de forma autônoma.
Novo Classe S foi construído de trás para frente, a partir da versão de entre-eixos longo, tal o nível de conforto e segurança. Poltrona traseira diagonal à do motorista inclina até 43 graus, tem suporte integral para pernas, aquecimento nos apoios de braços e 14 atuadores para massagem nas costas. Além de cinto de segurança inflável, há algo como airbag de assento que limita, em caso de acidente, o corpo escorregar por baixo do cinto, mesmo que o passageiro esteja adormecido.
Entre as amenidades, sistema ativo de perfumar o habitáculo sem saturar o ambiente, comando de várias funções por meio de telefone inteligente ou tablete e duas mesas de apoio rebatíveis no console central traseiro, além de sistema de áudio com 24 alto-falantes e 1.540 W de potência.
Privilégios também na parte da frente, com duas grandes telas de 12,3 polegadas, uma delas só para o quadro de instrumentos. E mais segurança: os cintos afastam motorista e passageiro da direção do impacto frontal; freio de estacionamento é acionado em caso de iminente colisão traseira para minimizar o efeito chicote sobre a coluna cervical de todos os ocupantes.
Em estilo, manteve o caráter evolutivo, embora a grade frontal maior lhe dê personalidade. São só dois cm a mais de comprimento (versão de entre-eixos curto), mas “emagreceu” 100 kg. Coeficiente aerodinâmico surpreende – apenas 0,24 –, mas, em breve, alcançará 0,23 com um pacote opcional de menor consumo/emissões. Motores vão de 258 cv a 456 cv, já enquadrados na próxima e ainda mais rigorosa legislação europeia antipoluição.
Sobre o autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada no Carros e Segredos e em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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